sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A mágica da equilibrista

Andei sumida, é verdade. Não por preguiça ou falta do que dizer, mas porque estava me reencontrando. Às vezes, é bom se perder pra se encontrar, não acha? Não? Eu acho.

Ainda que tardiamente preciso registrar aqui a mágica passagem de ano: momento em que misteriosamente as palavras ganham ainda mais força e o universo conspira para que elas saltem do imaginário para o mundo real como se tivessem como único objetivo mostrar que sempre vale a pena sonhar. Afinal, como Mário Quintana gostava de dizer, esse é o mérito do ‘bendito truque do calendário’: renovar a esperança. E quem pode viver sem ela?

O ano de 2009 foi, sem dúvida, o mais desafiador. A minha casca engrossava alguns centímetros enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto; meu cantar em forma de soluço ditava o ritmo do tempo; e o meu coração apertava em aflições que – naqueles momentos – pareciam não ter fim. Tive de me adaptar às bruscas mudanças na minha vida e superar os acontecimentos tristes. Mas o tempo traz consigo o distanciamento que permite que vejamos tudo com mais clareza. Ninguém consegue ler com o livro encostado no nariz. À distância, os problemas não ficam menores, mas consigo vê-los do tamanho que eles realmente são. Acho que o ser humano precisa de tempo (uns mais, outros menos) para digerir o gosto amargo das tristezas.

No final das contas, em vez de ter sido “o pior ano da minha vida”, como bradei diversas vezes, 2009 se mostrou o mais importante: abriu caminhos. Fortaleci amizades preciosas e laços de família que fazem de mim o que sou. Descobri que não se deve esperar nada das pessoas. Assim, quando algo dá errado, não há frustração. Por outro lado, os acontecimentos bons se tornam lucro incalculável. O mais importante é se permitir sempre, mas sem deixar de se proteger. Abandonei paradigmas enferrujados e me livrei de tudo que não me servia mais. De que adianta limpar os armários, as gavetas, as caixas de email para o novo ano que se inicia se não fizermos uma faxina na alma?

Depois de viver um Natal lindo em família, poucos minutos antes da meia-noite do Réveillon, falei com meus pais e meu irmão pelo telefone. Dissemos mais uma vez o quanto amamos uns aos outros; o quanto nos orgulhamos de ser uma família unida.

Rodeada de amigos, brindei o gostinho da vitória de chegar (ainda que com alguns arranhões) viva e forte após duros meses de jornada. Abandonei o branco de todos os anos: queria cor. O vestido vermelho caiu bem. Enquanto ríamos durante a virada, fazendo a contagem regressiva e estourando champagne, percebi que para mim isso é felicidade. Observando o brilho dourado dos fogos que coloriam o céu, agradeci a Deus e fiz meus tradicionais pedidos. E não é que mal 2010 bateu à porta e eles já começaram a se tornar realidade? A mágica só acontece quando se tem coragem.

A experiência do ano que se foi me deixou duas lições: tudo na vida passa e o amor vence qualquer dificuldade (ainda que isso soe utopia).

Enquanto busco o equilíbrio ideal, vou tropeçando... feliz da vida!