quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lá vou eu... de novo!

"O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
João Guimarães Rosa



domingo, 17 de julho de 2011

Pegando fogo

Nós somos fogo e gasolina. (...)

domingo, 17 de abril de 2011

Página em branco

Mais uma vez estive ausente. Dessa vez, não por falta de tempo, mas por falta de palavras. Garganta seca que busca bem lá no fundo uma gota de saliva para dizer aquilo que não consegue. Mais do que isso: aquilo que não pode dizer. Sim, porque, na verdade, não deveria estar sequer pensando ou sentindo. Às vezes, os pensamentos se perdem, os sentimentos se confundem e, consequentemente, as palavras fogem. O silêncio também é uma mensagem.


Depois de algum tempo, passo aqui com uma música na cabeça. Isso porque a minha vida tem trilha sonora. Como bailarina que sou, a música tem um valor especial para mim. Eu poderia até criar uma coreografia para traduzir cada fase dela.


Aliás, outro dia conversava com uma amiga - que também tem uma forte ligação com a música - e ela me falava justamente sobre como as canções a ajudavam a entender o que se passava com ela. A diferença entre nós é apenas como sentimos a música: ela canta, eu danço.


Hoje, eu terminei meu domingo na praia. Observei o sol partindo e cedendo espaço a uma linda lua que assumiu o trabalho de iluminar o céu. Fazemos isso diariamente. Saímos e entramos em cena. Terminamos e recomeçamos. Recuamos e avançamos. O começo é todo dia. Esse é o desafio.


Today is where your book begins/ The rest is still unwritten



segunda-feira, 7 de março de 2011

O podre por baixo da casca

Leviandade. Covardia. Hostilidade. Imoralidade. Despreocupação com o outro. Ausência de remorso. Por fim, desvio de caráter.

Isoladas, essas características já assustam. Imaginem reunidas numa só pessoa? Certamente, alguma coisa de bom deve haver dentro daquele peito. Mas "esse algo" deve estar sufocando coberto por tanta lama.

Eu poderia tentar me igualar. Tenho munição suficiente para isso. Ainda assim, acho que não conseguiria descer tanto. Mais do que isso: não quero.

Que fique claro: poderia, mas não quero. O motivo? Fui criada por uma família digna e levo seus valores comigo.

Não vou perder a minha dignidade porque preciso dela para viver.

No entanto, isso não me impede de ficar estarrecida. Esse tipo de coisa me choca diariamente.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ser


Ação e reação. Questionamento e reflexão.

Uma coisa me impressiona: a dificuldade das pessoas em lidar com as diferenças e com as divergências.
A opinião do outro incomoda quando não converge ao mesmo ponto da sua. Incomoda tanto que as pessoas são capazes de passar horas, dias, meses, uma eternidade tentando convencer o outro de que estão certas para, assim, serem felizes. Mas a felicidade reside mesmo na convergência?

Eu acredito que as diferenças colorem o mundo e as divergências o enriquecem. Tenho amigos dos mais variados tipos de personalidade, classe social, tribos, opção sexual. Todos discordam com frequência e ainda assim convivem em harmonia. O que nos une não é uma opinião comum. É o respeito.

Aprendi desde criança a respeitar as diferenças. Essa sempre foi uma cobrança da minha mãe e esse é um valor que carrego na minha vida. Talvez, por isso, a intolerância me aborreça tanto.

Gostaria de poder ser eu mesma sem ter que dar explicações. Aos que preferem o morno, meu respeito. Mas eu gosto da minha paleta de cores fortes, do acelerar do coração, do exagero da vida.

Nunca tive a pretensão de ser perfeita. Deixo isso aos hipócritas.


Lembrando a beleza da imperfeição, veio à cabeça um texto que li há algum tempo (não me recordo quando) da Martha Medeiros. Ela se refere às mulheres, mas, na minha opinião, o conceito se aplica ao ser humano.


MISS IMPERFEITA

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Corra, Priscilla, corra!

"A coragem contém em si mesma o poder, o gênio e a magia"
Goethe

Eu queria ter passado por aqui ontem: primeiro dia do ano. Mas o trabalho me impediu e eu, definitivamente, não queria começar 2011 escrevendo a "toque de caixa".

O ano de 2010 foi de muitos desafios, alguns tropeços e algumas vitórias. Analisando estatisticamente, diria que o saldo foi positivo. Cumpri minhas metas, principalmente, profissionalmente. Traçei um plano e fui até o final: ofegante na chegada, mas com fôlego suficiente para ainda correr muito mais. As mudanças começaram logo no início do ano e foram sucessivas. Mudanças que contribuíram para o meu objetivo maior de vida (em todos os aspectos): aprender. Com erros e acertos. Aprender sempre.

Passei por algumas dificuldades, é verdade. Mas quem não passa? Vi muitas pessoas reclamando que o ano, para elas, foi péssimo. Mas eu não posso me queixar. Tive sempre ao meu lado minha família e meus amigos (a família que escolhi); alcancei objetivos; não deixei - nem por um instante - de acreditar que tudo daria certo e, por fim, virei o calendário sem arrependimentos. O ano de 2010 foi ma-ra-vi-lho-so!

Na virada, minha lista de agradecimentos foi muito maior do que a de pedidos. Não podia ser diferente! Quanto aos pedidos, fiz apenas um: que o universo conserve a coragem que tenho dentro de mim: de mudar, de enfrentar, de sonhar, de viver... intensamente! A coragem de não me acomodar em uma situação confortável, de não me contentar apenas com o acaso. A coragem de fazer acontecer. É isso que me move e é disso que eu preciso para seguir em frente.

Agora, para seguir em frente, é preciso saber para onde se quer ir, mesmo que o caminho ainda seja desconhecido. Por isso, hoje, deixo aqui uma canção do grande Lenine, que me toca muito. Mais do que isso. Hoje, me fez pensar... o que me interessa?

Um Ano Novo cheio de luz para todos!

É o que me interessa
(Lenine)
Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.

Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou

Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A chuva e eu

Cá estou eu de volta ao meu refúgio virtual num momento inusitado: sentada na cadeira de frente para o computador e completamente encharcada. Isso porque a chuva me pegou no meio do caminho, quando voltava de um encontro com uma amiga.

O engraçado é que eu sempre carrego um guarda-chuva comigo (mesmo que faça um sol escaldante!) porque eu sempre tento evitar imprevistos. No entanto, hoje, mesmo sabendo que a previsão era de chuva, eu saí desprevenida.

Poderia ter corrido na rua, como tantas pessoas fizeram. Ou me escondido e esperado a chuva passar, como preferiram outras. Mas eu não. Andei tranquilamente por toda a rua com o vestido completamente ensopado como se nada estivesse acontecendo. Isso porque aproveitei o momento para pensar. Essa chuva - que poderia ser considerada o acontecimento mais banal do mundo - me soou um presságio.

Num momento em que meu coração já estava mergulhado em tristeza, a chuva chegou para diluir um pouco o sofrimento, que eu tanto tentei evitar. Assim como eu ando sempre com um guarda-chuva, visto sempre minha armadura para me proteger na vida. Só que, às vezes, eu esqueço do guarda-chuva e, às vezes, eu tiro a armadura para deixar que as pessoas se aproximem. Um instante de descuido e o que se tentou evitar por tanto tempo acontece. É nessa hora que a chuva vem. É nessa hora que a dor chega.

O banho de chuva foi bom. Lembrou-me que o inesperado sempre acontece e que o sofrimento é inevitável. Ah, e foi engraçado também. Consegui até arrancar uma risada do meu porteiro - sempre de mal com vida - que ficou com pena de mim e me indicou um ambulante que vende guarda-chuva por R$ 5. Muito bom!

Lavei a alma e despertei um sorriso espontâneo. Ganhei o dia.